Não sendo a única, uma das vertentes fundamentais de uma universidade é formar pessoas ao mais alto nível, dando atenção às suas várias dimensões, nomeadamente científica, técnica, ética e cultural. Esta formação é tanto mais relevante quanto conseguir responder eficazmente às necessidades dos vários setores da sociedade, com ênfase para as empresas. É, pois, desejável que exista articulação entre as universidades e as empresas.
Cooperação entre Universidades e Empresas
A cooperação entre as instituições de ensino superior e as empresas pode realizar-se através de atividades de natureza diversa. Os estudantes recém-formados podem funcionar como veículos de transmissão de novo conhecimento, novas competências, práticas e métodos para as empresas, contribuindo assim para renovar o tecido empresarial. No sentido contrário, o acolhimento de jovens estudantes pelas empresas, ainda na fase da sua formação, através de estágios de verão ou outros de curta duração, contribui para enriquecer a sua formação e transmitir a cultura empresarial. Complementarmente, as empresas podem contribuir para a formação dos jovens estudantes através da realização de palestras, acolhendo visitas de estudo ou facilitando o contacto com equipamento usado em ambiente laboratorial nas universidades. Estas atividades podem mesmo estimular o espírito empreendedor destes estudantes e dotá-los das competências transversais necessárias para se aventurarem na criação de novos projetos empresariais.
Transição para o Mercado de Trabalho e Formação Contínua
Igualmente relevante é o papel das ordens profissionais na transição da fase de formação académica para o mercado de trabalho, oferecendo um enquadramento adequado e promovendo a ética profissional. Numa fase posterior, as instituições de ensino superior podem desempenhar um papel relevante na formação ao longo da vida dos trabalhadores e, com isso, facilitar a adaptação e renovação de competências aos novos desafios das empresas.
Investigação e Desenvolvimento Conjunto
Na vertente da investigação e desenvolvimento, a referida articulação pode tomar a forma de projetos de I&D conjuntos orientados para o desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços. As universidades, através dos seus centros de investigação e unidades de interface, contribuem com a transferência e valorização dos conhecimentos científicos e tecnológicos enquanto, simultaneamente, identificam novos desafios de investigação. Nestes projetos, o envolvimento de estudantes de pós-graduação, integrados na academia ou já nas empresas, pode fomentar uma formação especializada em domínios que respondam a necessidades concretas do tecido empresarial, bem como facilitar os processos de recrutamento.
Cooperação para o Desenvolvimento
O potencial da articulação ilustrada acima realiza-se se forem estabelecidos laços permanentes de cooperação entre as instituições de ensino superior e o tecido empresarial. A criação e manutenção destes laços exige esforço e comprometimento de ambas as partes e o estabelecimento de planos concretos que identifiquem metas e definam tarefas para ambas as partes. A concretização destas parcerias pode ser informal ou estar plasmada em protocolos formais de cooperação. Muito embora seja já habitual celebrarem-se protocolos desta natureza, existem ainda muitas oportunidades não exploradas para a cooperação entre as instituições de ensino superior e as empresas, nos domínios da formação, investigação e prestação de serviços especializados. Fundamental mesmo é aproveitar o potencial dos jovens com formação superior para o desenvolvimento do nosso país, evitando que sejam atraídos em massa para mercados de trabalho além-fronteiras.
Este artigo é resultado da disponibilidade que a Bresimar tem vindo a demonstrar para colaborar com a Universidade do Minho numa formação mais ampla e rica dos seus estudantes de engenharia.
Obrigado Bresimar pelo vosso contributo.
Sobre o Autor
Adriano Moreira Prof. Associado da Escola de Engenharia da Universidade do Minho Investigador do Centro Algoritmi Coordenador Científico do Departamento de I&D em Urban and Mobile Computing to CCG |
Referências
Bresimar Automação (2024). Revista Técnica Nº6, Aveiro.