O futuro está na digitalização da produção. Esta é uma das frases que mais se tem ouvido e lido nos últimos anos, em especial nestes últimos quase dois anos em que nos deparámos com uma pandemia global, que obrigou literalmente todas as empresas a dar um passo à frente.
“A importância da digitalização na indústria transformadora, nos
próximos anos, irá revelar quem está preparado para a fábrica do futuro.”
Carlos Breda, CEO do Grupo Bresimar
Com a necessidade de colocar grande parte dos funcionários a trabalhar a partir de casa para cumprir o distanciamento social e as regras de segurança exigidas no combate à pandemia, a internet assumiu um papel fundamental para as empresas continuarem a produzir, mesmo à distância [1].
Nas linhas de produção, a segurança de cada funcionário colocou em marcha mudanças nos horários dos turnos, alterações nos planos de produção, recursos a lay-offs, entre tantos outros problemas que pareciam inultrapassáveis e com os quais as empresas tiveram que se deparar.
O conceito de trabalho mudou radicalmente. E a forma de abordar o posicionamento no mercado e as perspetivas para o futuro, também. Todas estas mudanças sociais e económicas forçaram as empresas que ainda não o tinham feito, a abraçarem forçosamente o digital, para conseguirem sobreviver. Outras terão investido em soluções para fazer face à sua capacidade de resposta perante o imprevisível. Mas esta terá sido apenas uma pequena amostra do que está para vir no futuro.
Terão as empresas a capacidade para rapidamente se adaptarem a mudanças repentinas, como as que assistimos recentemente, nos mais diversos contextos socioeconómicos?
Gerações do momento
Tendo em conta que as duas próximas gerações a entrar em força no mercado de trabalho – a geração Z (em crescimento no mercado, para os nascidos a partir de 1995) e a geração Alpha (nascidos a partir de 2010), são já nativos digitais, todas as empresas enfrentarão em poucos anos um patamar de exigência muito superior ao já verificado no presente.
Esta exigência estende-se, em particular, a todos os profissionais que constituem atualmente a grande fatia da força de trabalho.
Estes, os pertencentes à geração X – nascidos entre 1960 e 1980 e à geração Y – nascidos entre 1981 e 1995) terão pela frente um desafio sem precedentes: ter os olhos sempre colocados no futuro, um futuro que se avizinha ser de grande crescimento tecnológico, e para o qual deverão responder eficazmente, considerando as necessidades das próximas gerações.
No mais recente livro Marketing 5.0, o autor Philip Kotler (2021) refere que “O principal interesse e preocupação destas duas gerações (Geração Z e Alfa), as mais jovens de todas, aponta em duas direções: a primeira consiste em trazer mudanças positivas para a humanidade e em melhorar a qualidade de vida; a segunda visa impulsionar ainda mais o desenvolvimento tecnológico em todos os aspetos da vida humana.” O desenvolvimento tecnológico será então o foco e, acima de tudo, a principal exigência destas novas gerações.
Estarão as empresas e os gestores preparados para responder apropriadamente?
Flexibilidade e autonomia. Duas das palavras-chave que têm vindo a assumir um papel crucial para as empresas que querem estar um passo à frente na resposta a um mercado cada vez mais exigente e avançado tecnologicamente. São, portanto, dois conceitos fundamentais quando se fala no presente e no futuro da automação, uma área em franco desenvolvimento e na qual as empresas investem cada vez mais.
O ano de 2020 ficou marcado por uma aceleração exponencial na adoção de tecnologias de automação por parte de empresas, em grande parte, devido aos efeitos da Covid-19. Particularmente, das tecnologias que oferecem opções de escalabilidade e implantação rápida, ou seja, soluções que suportam um aumento crescente de processamento, sem que o seu desempenho piore ao ponto de pôr em causa a sua utilização.
De acordo com o estudo da Global Intelligent Automation 2020 da Deloitte [2], realizado a 441 executivos de diversas indústrias de 29 países (incluindo Portugal), durante este mesmo ano, 73% das organizações recorreram a tecnologias de automação inteligente, contra os 58% registados em 2019.
No que concerne à preparação das organizações para colocar em prática uma “estratégia robusta e holística”, o estudo mostra que apenas “26% das organizações se encontram no início da jornada e 38% das que já a implementaram, têm uma estratégia clara de automação inteligente para toda a empresa”.
Para Nelson Fontainhas, Partner da Deloitte, apesar de muitas empresas terem beneficiado dos investimentos feitos em automação, continua a haver muitas barreiras que impedem a adoção de um plano de automação em grande escala, considerando para tal duas principais razões: a fragmentação de processos e a falta de preparação para incorporação destas tecnologias na arquitetura IT. Refere ainda que “As respostas deste estudo mostraram também uma maior prevalência de resistência à mudança, pelo que é fundamental preparar bem esta transição e aproveitar todas as vantagens da automação para as organizações e, claro, também para as pessoas que nelas trabalham” [3].
Está pronto para acelerar a digitalização da sua empresa?
E se os materiais e equipamentos pudessem estar todos interligados através da internet, trabalhando como um ecossistema? O objetivo? Uma produção massiva, sustentável ambientalmente, personalizada, altamente flexível e autónoma. Esta é já uma realidade para algumas empresas. A 4ª Revolução Industrial está aí. Apesar de o conceito ter tido origem já há anos, para alguns profissionais só agora começa a tomar verdadeiramente os primeiros passos.
Alguns especialistas discordam e acreditam não ser ainda uma realidade. Opiniões à parte, a verdade é que o conceito de Indústria 4.0 já é amplamente falado e discutido e promete ser um fenómeno “diferente de tudo o que a humanidade já experimentou” até hoje, palavras de Klaus Schwab, presidente do Fórum Económico Mundial [4].
Vamos explorar um pouco este tema e explorar algumas das suas vantagens para o mercado atual.
Indústria 4.0 – a revolução do presente e do futuro
Além de conectar as pessoas, a Internet também conecta dispositivos e máquinas – a este processo de interligação chamamos IoT ou Internet Of Things.
Em contexto industrial, nas fábricas inteligentes, tudo estará conectado sem fios, numa simbiose perfeita, atuando de forma cooperativa e automática, e prevendo até eventuais disfunções [5]. Segundo Phillip Kotler (2021) [6], a Internet das Coisas acabará por se tornar a coluna vertebral da automação.
Esta é a base do nascimento da chamada 4ª revolução industrial e está ligada ao conceito de Indústria 4.0, que promete revolucionar o modo como trabalharemos no futuro. As três revoluções anteriores foram igualmente marcadas por grandes mudanças no desenvolvimento da sociedade:
- 1ª revolução industrial (1760-1840) – ocorreu na segunda metade do século XVIII, e ficou marcada pela introdução das máquinas nos processos produtivos, assim como pelo fabrico de produtos químicos e expansão do transporte de pessoas e produtos, principalmente por ferrovias e navios a vapor.
- 2ª revolução industrial (1850-1945) – caracterizada pelo desenvolvimento das indústrias química, elétrica, de petróleo e aço, e progresso dos meios de transporte e comunicação. Este período assistiu a numerosas invenções: navios de aço, avião, telefone, produção em massa (linha de produção), energia elétrica e enlatamento de alimentos. Os automóveis passam a ter supremacia em centros urbanos, no transporte particular de pessoas, pelo seu custo reduzido, sendo também usados para transporte de cargas.
- 3ª revolução industrial (1950-2010) – ficou marcada pela substituição gradual da mecânica analógica pela digital, pelo uso de microcomputadores e criação da internet (1969). Foi igualmente neste período que surgiram novas fontes de energia: nuclear, solar, eólica e desenvolvimento da engenharia genética e biotecnologia, e também os agora indispensáveis telemóveis.
- A 4ª Revolução industrial surgiu em 2011 na Alemanha, na Feira Hannover Messe, como uma iniciativa académica conjunta com a indústria e o governo [7]. Segundo o artigo A Step Approach to Industry 4.0 [8], a abordagem à Indústria 4.0 pode tornar-se num processo intimidante.
O autor David Greenfield refere que o termo “Indústria 4.0 é um dos mais pesquisados na área da digitalização industrial. Menciona também que, segundo dados do Google Trends, a frase mais pesquisada neste motor de pesquisa é “O que é a Indústria 4.0?”. Este comportamento leva-nos a crer que, apesar de todo o interesse gerado em torno do conceito, ainda permanecem muitas dúvidas acerca do seu verdadeiro significado e de que forma pode ser implementado.
Como apanhar o comboio da 4ª revolução industrial?
A digitalização é, sem dúvida, o primeiro passo a tomar para começar a dar os primeiros passos na Indústria 4.0. Ao perspetivar o uso de tecnologias digitais no seu negócio, está a contribuir para gerar novas receitas e oportunidades de criação de valor, aumentando a sua competitividade [9].
A digitalização é um processo obrigatório para a sobrevivência das empresas, sendo que as ferramentas para o fazer estão ao seu dispor. Podem, no entanto, surgir algumas questões: Por onde começar? Quanto me vai custar? Que tipo de tecnologia utilizar?
Obter o feedback do seu processo e a resposta a todas estas questões é mais fácil do que imagina. Coletar, reunir e analisar dados não são mais tarefas difíceis e dispendiosas. Hoje em dia é possível conectar diversos equipamentos e reunir um conjunto de dados aos quais poderá ter acesso a partir de qualquer lugar, a qualquer hora do dia, através de uma plataforma de armazenamento de dados – a cloud.
A transformação das conexões físicas dos seus equipamentos em conexões wireless é agora possível e traz uma evolução significativa no que respeita ao controlo e monitorização dos processos nos mais diversos contextos industriais. Os dados recolhidos são convertidos em informação otimizada e compreensível para a tomada de decisões mais inteligentes, rápidas e produtivas para as organizações industriais.
A IoT está a ajudar as empresas a alcançar níveis sem precedentes de eficiência e competitividade. A digitalização do seu negócio vai permitir-lhe obter os seguintes benefícios:
- Coletar dados de máquinas e sistemas em execução
- Visualizar e analisar dados em tempo real
- Receber notificações e alarmes em tempo real
- Aumentar o OEE (overall equipment efficiency)
- Reduzir o desperdício e produtos não conformes
- Apostar na manutenção preventiva e na redução do tempo de inatividade
- Acelerar o desenvolvimento de novos produtos e a sua mais rápida disponibilização
- Maximizar os lucros
- Acelerar a qualificação dos recursos humanos
“A Indústria 4.0 é uma tentativa de reganhar competitividade, tendo por base a construção de uma plataforma tecnológica avançada, fortemente alicerçada na digitalização total, na robotização, na adoção de IA, tecnologias distribuídas, etc, com o objetivo de digitalizar a cadeia logística e a tornar capaz de analisar cenários e decidir, aplicando técnicas avançadas de logística”
Norberto Pires (2020) [10].
O conceito de Indústria 4.0 envolve muitas áreas da automação e serve muitos e variados contextos industriais. Temas como a Digitalização total, Robótica, Inteligência Artificial, Big Data, Cloud, IoT, etc, evoluem diariamente, e trazem, de uma forma contínua, novas perspetivas ao que já conhecemos nesta área.
Nós, Bresimar, enquanto fornecedores de equipamentos há décadas, distribuidores e parceiros de marcas internacionalmente reconhecidas como a Beckhoff, Beijer, Banner, Turck, Denso Robotics, Siemens, Oriental Motor, Fluke, Red Lion, entre outras, e especialistas no desenvolvimento de soluções integradas de automação, temos como missão focar a nossa estratégia no futuro. Reinventamos constantemente as nossas metodologias, de forma a estarmos cada vez mais próximos dos nossos clientes e das suas reais necessidades.
À semelhança do conceito IoT, a nossa equipa funciona como uma fábrica inteligente. Cada elemento está conectado a todos os outros, trabalhando como um ecossistema para lhe dar a solução mais rápida, eficiente, flexível e autónoma.
Consulte-nos, fique a conhecer as nossas soluções e prepare-se para abraçar o futuro!
Referências
[1] Geretz, C. (2020). Industry 4.0: Thriving Through Transformation. Acedido em 7 de julho de 2021, em https://www.automationworld.com/factory/iiot/article/21142707/industry-40-thriving-through-transformation
[2] Deloitte University EMEA CVBA (2020). Automation with Intelligence. Acedido em 9 de julho de 2021, em https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/pt/Documents/Hottopics/DI_Automation-with-intelligence.pdf
[3] Deloitte (2021). Pandemia causa aumento significativo na adoção de tecnologias de automação, revela estudo. Acedido em 9 de julho de 2021, em https://www2.deloitte.com/pt/pt/pages/about-deloitte/articles/Deloitte-Intelligent-Automation-2020-pressrelease.html
[4] Santos, L. (2019). Quarta Revolução Industrial já está em vigor e deve mudar a realidade que conhecemos. Revista Brasileira de Administração nº132, p.24. Acedido em 12 de julho de 2021, em https://online.flippingbook.com/view/444900/22/
[5] Video acedido em https://youtu.be/HPRURtORnis
[6] Kotler, P. (2021). Marketing 5.0 – Tecnologia para a Humanidade. Actual Editora, p.52.
[7] CFA – Conselho Federal de Administração (2019). Conheça as quatro Revoluções Industriais que moldaram a trajetória do mundo. Acedido em 9 de julho de 2021, em https://cfa.org.br/as-outras-revolucoes-industriais/
[8] Greenfield, D. (2020). A Step Approuch to Industry 4.0. Acedido em 12 de julho de 2021, em https://www.automationworld.com/factory/iiot/article/21135339/a-step-approach-to-industry-40
[9] TruQC LLC (2021). Digitization vs. digitalization: Differences, definitions and examples. Acedido em 12 de julho de 2021, em https://www.truqcapp.com/digitization-vs-digitalization-differences-definitions-and-examples/
[10] Bresimar Automação (2021). Revista Técnica Nº2, Aveiro. Acedido em 9 de julho de 2021, em https://www.bresimar.pt/download.php?fd=181&key=054910d71d639606df63834ecb696762. Norberto Pires, Biografia disponível em https://www.jnorbertopires.pt/apresentacao/